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Archive for Junho, 2005

“o fim-de-semana de uma lisboeta”

A intermitência de que falava há pouco também não me afastou da leitura dos jornais.
A esse propósito gostaria de partilhar aqui uma inquietação que voltou a atormentar-me depois de ter lido um artigo de Paula Martins na edição do Público da passada terça-feira (dia 28 de Junho).
Como o jornal não é de acesso livre na net, tomo a liberdade de, com a devida vénia, transcrever excertos, antes de explicar a tal da tormenta:
1. “Retorno à estação mesmo a tempo de ouvir anunciar a partida do comboio para Viana. A viagem decorre agora mais lentamente, onde tudo é diferente, as estações de paragem parecem de outra época (…). E o melhor é poder apreciar cada uma e observar a mudança entre a azáfama dos passageiros que seguiram com destino ao Porto de regresso a casa e os que agora entram com calma e bem dispostos e cujo único intuito é chegar à estação seguinte para dar uma passeio e passar um serão agradável na aldeia vizinha”.
2. “Habituada como estou à capital, fico admirada com a confiança que depositam numa completa desconhecida, coisa impensável em Lisboa. Saio para o ar fresco da noite, com a principal preocupação de procurar um restaurante tradicional para jantar. Por indicação de uma pessoa local, entro num clube de vela (…)”.

Três anos depois de a socióloga Filomena Mónica nos ter brindado, também no Público, com o relato pasmado da sua experiência “lá longe, muito longe, entre as montanhas do Minho” (onde já poucas moçoilas e desfolhadas viu e onde, para desfalecimento de alma, também não encontrou carros de bois e mulheres vestidas de negro) surge-nos outro retrato pícaro.
E nele se percebe muito mais sobre o provincianismo bacoco (por cá chamar-se-ia ‘parolo’) de quem se espanta em Público com a sua ignorância do que sobre a vida de Viana.
Mais grave ainda – e aqui assenta a minha inquietação – percebe-se a anuência incompreensível de quem edita o jornal em publicar tão desprestigiante prosa.
Que imagem fazem, afinal, os responsáveis de um jornal nacional da realidade portuguesa? Será que partilham esta, a do politicamente orientado bucolismo salazarista, de um país pousado na sua tranquila existência, onde os ‘puros’ apanham o comboio a caminho de serões em aldeias?

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Intermitências

Agora reparo que estive ausente durante duas semanas exactas.
Não vivi sem ler blogs, mas não encontrei tempo para actualizar o meu.
Será a intermitência previsível numa altura do ano com preocupações profissionais acrescidas.

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Fleet Street no more

Era a rua dos jornais e dos jornalistas ingleses desde 1702.
Era mesmo expressão adoptada pela língua para designar a Imprensa: dizia-se “Fleet St. fez isto ou aquilo“.
E hoje – com “elogio” do homem que ajudou a acabar com ela (Rupert Murdoch) – a tal rua do centro de Londres começou a despedir-se da última grande empresa que ainda por lá tinha escritórios, a Reuters.
Tendo vivido em Londres na década de 90 do século passado assisti ainda aos primeiros anos do desmembramento de uma concepção muito peculiar daquelas centenas de metros como um espaço mais do que físico.
E lembro-me bem de que, nos primeiros tempos, os jornalistas trabalhavam em Wapping e nas Docklands e lá vinham, ao fim do dia, molhar o bico nos “watering holes” da velha rua.
Presumo que também isso terá acabado já. Acabaram-se as naturais conspirações corporativas e acabou-se muito do espírito de corpo que ajudou a definir a força do sindicato da classe (o NUJ). Provavelmente é já preciso explicar a expressão “drink and ink“.
Tudo inevitável, naturalmente.
Mas, ainda assim, valerá a pena assinalar o momento.

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A mais recente edição da revista Business Week escolheu fazer um longo dossier sobre os efeitos que os processos de publicação personalizados e colectivos estão a ter no mundo dos negócios.
Sob o muito sugestivo título genérico “The Power of Us” o dossier tem um slide-show exclusivo para a net com algumas personalidades consideradas pioneiras naquilo que é designado por “people power” e tem ainda uma muito útil recolha de alguns dos espaços colaborativos com maior apelo.
Encontrei a sugestão aqui.

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A edição de hoje do Diário de Notícias é um bom exemplo de como eventualmente deve posicionar-se a imprensa escrita no mercado da comunicação em tempos de celeridade digital.
A resposta à questão: “a qual dos dois vultos da vida portuguesa desaparecidos nos mesmo dia damos maior destaque?” foi respondida de forma não original mas muito eficaz e, sobretudo, justa (porque, naturalmente, a resposta correcta seria “a nenhum”).
O jornal tem duas faces, duas portas de entrada, sendo que uma delas nos fala do percurso e obra de Álvaro Cunhal e a outra abre com um lindíssimo poema de Eugénio de Andrade.
A junção das duas metades deste jornal faz-se (de forma feliz) com um destacável neutro, pertencente a uma colecção de primeiras páginas do DN.
Mais provas fossem ainda necessárias da vantagem comparativa do DN de hoje sobre a concorrência e poderiamos falar da reedição conjunta de um DNa inteiramente dedicado a Cunhal.
Fosse o DN sempre assim e fosse o esforço diário dos responsáveis pelos jornais nacionais tão marcado e discutir-se-ia a inevitável crise segundo outros parâmetros.

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Technorati muda

A Technorati mudou de visual.
Tem novo logo, tem nova página e tem nova (e mais abrangente) apresentação das possibilidades de busca.
Em termos visuais, gostava mais do ar limpo do interface anterior, mas percebo nas vantagens acrescidas a necessidade do compromisso.
Encontrei a informação aqui.

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Recuperar o formato webzine

O formato weblog tem inúmeras vantagens para a publicação online mas não é, de forma alguma, um formato ideal. A ordem cronológica inversa da inserção de posts tem como vantagens o aumento do ritmo e a indexação do assunto a um tempo específico (também – e significativamente – de forma visual) mas tem a desvantagem de estraçalhar qualquer intenção de ordenação valororativa do que se publica. Mesmo em termos de ordenação temática, o weblog – com as suas categorias (disponíveis nalgumas ferramentas) – apresenta-se como pouco mais do que sofrível.
Tendo como pano de fundo uma reflexão em torno deste tópico – o da arrumação do que se escreve numa publicação online – Jon Garfunkel propõe a recuperação do webzine.
Em defesa de uma lógica que – curiosamente ou talvez não – é a que preside à organização dos seu próprio espaço, Garfunkel apresenta alguns exemplos de sucesso (como este ou este)…ao qual me permito acrescentar (num entendimento lato) também este lusitano/portuense.

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sem fim

As Amoras

O meu país sabe as amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.

Eugénio de Andrade (“O Outro Nome da Terra”)

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Especial na CNN: Blogging – The Fifth Estate

Estou, neste momento, a acompanhar um programa / debate especial na CNN International sobre blogs.
Antes de avançar algumas notas (naturalmente manchadas pelo imediatismo), creio ser importante indicar que o programa é repetido amanhã, domingo, por volta das 22h00 (Lisboa).
Agora sim, as notas:
1. Muito, muito relevante que um dos gigantes da comunicação global acredite ser importante organizar um debate com mais de uma dezena de convidados sobre os blogs;
2. Muito, muito esclarecedor da perspectiva que mais parece interessar jornalistas e editores é o facto de o evento ter sido apresentado sob o título “Blogging – The Fifth Estate“;
3. Muito, muito revelador das limitações de qualquer debate generalista sobre o tema o facto de a conversa ter evoluido em torno de blogs políticos, de grande sucesso e com audiências enormes (os outros, os pessoais, sobre o gato e sobre o cão, não tiveram sequer o chamado “tokenism space“).

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adsl cresceu 128 por cento de 2003 para 2004

Segundo dados revelados hoje pela ANACOM o número total de clientes com acesso à net era, em 2004, de quase 7 milhões, o que representou uma subida de 37 por cento relativamente a 2003.
Significativamente, o acesso dial-up continua a ser o tipo de ligação mais usado pelos portugueses (5,9 milhões de clientes de acesso), com o ADSL e o Cabo a representarem apenas pouco mais de 850 mil.
Há, no entanto, uma tendência de crescimento mais rápido do mercado da banda larga: os acesso por cabo aumentaram 37 por cento e os acessos por ADSL aumentaram 128 por cento.
Ao todo, a banda larga representava, em 2004, 8,2 por cento dos acessos à net em Portugal, com o Cabo a ter uma penetração de 4,2 por cento e o ADSL a garantir os restantes 4 por cento.

Nota: Post corrigido posteriormente à data de publicação. Coreccção a itálico.

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Comunicação da Ciência

Acaba de ser lançado mais um número da revista Comunicação e Sociedade (Campo das Letras), editada pelo Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho.
O nº 6, organizado por Anabela Carvalho e Rosa Cabecinhas, tem textos sobre Comunicação da Ciência.

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Ceci n’est pas un blog

O “olhar comercial” há já algum tempo que começou a cair sobre os blogs.
São inumeros os exemplos de apostas mais ou menos bem sucedidas – esta e esta, por exemplo – e há mesmo blogs que se especializam em acompanhar a relação particular desta área da comunicação organizacional com a blogosfera (este e este, por exemplo).
Ainda assim apetece-me deixar aqui uma nota de “dúvida triste mas resignada” relativa a esta galopante profissionalização dum espaço que tanto prazer trouxe (e, felizmente, ainda traz) aos amadores: produtos como este, da Coca-Cola brasileira, podem mesmo chamar-se blogs?
Encontrei a informação aqui…e depois aqui.

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Jornalismo mais exigente

Uma notinha apenas sobre uma das ideias fortes que guardei dos debates na semana passada, aqui, em Braga.
Inventariadas que estão as dificuldades e as pressões crescentes do “negócio jornalismo”, estudada que está a necessidade de alterar, em termos de competências, o perfil do “jornalista”, importará não perder de vista algo de essencial: o jornalismo precisa de se ancorar em valores como a transparência (maior contacto com os leitores e maior abertura na revelação de fontes primárias) e a credibilidade (maior ênfase na confirmação de factos, maior rigor, mais disponibilidade para recolher informação em espaços alternativos, maior atenção ao “local”).
E isso significa maior investimento em melhor formação – vão ser precisos jornalistas mais aptos…e não produtores de conteúdos (esses, são diariamente arrasados pelos blogs!).
Assim sendo, o “jornalista” (e não só o jornalista que trabalhe para um orgão de informação online) – e, sobretudo, a “empresa jornalística” – necessitam de abraçar uma nova cultura.
Ramón Salaverría disse-nos que os jornalistas gostam muito de falar em revoluções mas são profundamente conservadores na sua postura perante a actividade que desenvolvem. O espaço de manobra para este “sentadismo sereno” está a acabar.
Leituras recomendadas: um e dois.

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A popularização do acesso de banda larga (ainda que descontando todas as premissas do argumentário sobre a info-exclusão!), o aumento da largura da tal banda larga e o 3G nos telemóveis são – pelo menos estes – sinais de que os video blogs – vlogs – podem mesmo vir a ter uma visibilidade maior.
Há até quem argumente que eles são o natural passo seguinte para a inquestionável sede de produtos do tipo “real TV”.
Um texto informativo sobre o tema aqui e um exemplo de um vlog em actividade diária aqui.

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