Uma das opções mais consensuais do momento para que o Jornalismo se mantenha relevante revolve em torno de uma ideia-chave: o hiperlocal (ver este artigo na American Journalism Review). Ou seja, o jornalismo deve (levando até mais longe do que originalmente pensado propostas teóricas próximas do jornalismo cívico) apostar no fortalecimento da sua ligação à comunidade que serve. Deve reformar a sua agenda, deve procurar ferramentas e modalidades de aproximação.
À superfície não se encontra grande problema na proposta.
Afinal de contas, não é numa lógica de serviço aos outros que opera o imaginário profissional?
Mas importa pensar no que fica de fora.
O que fica de fora no produto que vai ser apresentado aos leitores e, sobretudo, o que – com a natural reincidência – fica de fora do chamado conhecimento partilhado que constitui parte estruturante do funcionamento em sociedade.
Ou, como diria, num post com tanto de curto como de preciso, Mark Deuze:
In other words: is hyperlocal journalism the kind of news that particularly, exclusively, serves the paranoid middle class in their gated communities? And thus, in doing so, is journalism really contributing to dismantling that what it always claimed to be providing: a society’s social cement?
É por causa de posts como este (e de muito mais que escreveu em artigos académicos e livros, naturalmente) que Mark Deuze se tornou leitura indispensável para quem pensa estes temas.