Posted in Sem categoria, tagged Imprensa, Jornalismo, Negócio on '6/11/07 11:31 AM'|
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A tragédia de ontem à noite, na A23, domina as primeiras páginas dos principais diários portugueses – pagos e gratuitos (está excluído o Metro porque, até às 10h30 da manhã, não tinha ainda disponível no site a imagem da edição do dia) – e talvez seja o momento indicado para tentar fazer algumas observações:
1. Há três diários que recorrem à palavra ‘tragédia’; os restantes preferem o termo ‘acidente’ (um dito popular, um dito de referência e um gratuito);
2. Há cinco diários que escolhem para título a notícia – ‘aconteceu isto, morreram X pessoas e Y ficaram feridas’;
3. Há dois diários que escolhem para título o contexto – ‘o que aconteceu enquadra-se nisto’;
4. Há um diário que passa completamente à margem do assunto.
Notas:
a) Numa situação como esta – em que o facto acontece à noite, a uma hora em que a maioria das pessoas pode já não estar a aceder a conteúdos informativos – parece-me legítimo que ainda se apresente a notícia em primeira página. Ou melhor, parece-me aceitável que assim se proceda.
b) Num momento em que os diários pagos são pressionados pelos gratuitos e pela proliferação de formatos de transporte de informação parece-me, porém, estrategicamente mais correcto seguir o caminho da contextualização – a informação de base está lá, mas há também o resto, o que pode distinguir dos demais. Só o Jornal de Notícias e o Público seguiram esse caminho e, curiosamente, escolheram complementaridades diferentes: ‘o maior acidente desde Entre-os-Rios’ e ‘eleva para 702 o número de mortos nas estradas’.
c) O caminho percorrido pelo diários gratuitos nos últimos anos parece indiciar uma aproximação paulatina ao espaço até aqui ocupado pelos diários pagos (independentemente do estilo); a própria existência de mais títulos no segmento tende a acrescentar impulso a essa caminhada. Mas isto significa que quem não acompanha a passada fica irremediavel e visivelmente para trás; o Meia-Hora de hoje está para trás. Está mais longe da informação diária do que da informação de supermercado e isso só pode ser entendido como um sinal de alerta para quem o dirige e financia.
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