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Archive for Janeiro, 2005

Num texto de deliberado cepticismo, o editor da Slate, Jack Shafer escreve sobre a relação entre bloggers e jornalistas, a propósito da conferência sobre credibilidade que teve lugar na Universidade de Harvard.
Shafer aponta exemplos de outras “maravilhas” tecnológicas que, no passado, se dizia terem aparecido para revolucionar “o mundo como o conhecemos” e que, afinal, são agora pouco mais do que uma nota de rodapé como fundamento para avançar a sua ideia – exagerar o potencial dos blogs pode ser contraproducente.
Além disso, aponta alguma artificialidade na afirmação da existência de um fosso entre os jornalistas e os bloggers:
I think most practicing journalists today are as Webby as any blogger you care to name. Journalists have had access to broadband connections for longer than most civilians, and nearly every story they tackle begins with a Web dump of essential information from Google or a proprietary database such as Nexis or Factiva. They conduct interviews via e-mail, download official documents from .gov sites, check facts, and monitor the competition—including blogs—the whole while. A few even store as a “favorite” the URL from Technorati that takes them directly to what the blogs are saying about them and talk back. When every story starts on the Web, and every story can be stripped to its digital bits and pumped through wires and over the air, we’re all Web journalists“.
Em jeito de provocação, Shafer diz ainda:
The biggest difference between me and conventional bloggers is that I usually pause between first thought and posting“.
Naturalmente, Rosen, Winer, Jarvis, Ed Cone, Weinberger e muitos outros não se sentem identificados com esta visão.
Então e as diferenças substanciais – personalização, interactividade, processo de criação colaborativo, diluição de barreiras entre produtor e consumidor da informação?
Encontrei a referência aqui.

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Termina hoje o prazo indicado pelo Ministério da Ciência, Inovação e Ensino Superior, para pronunciamentos sobre os pareceres das comissões que avaliaram a eventual adaptação de cada área científica às indicações de Bolonha.
Tendo em conta que a comissão nomeada para observar a área da Comunicação laborou sem contactos com o exterior seria de esperar que, no mínimo, esse facto tivesse despoletado um aceso debate e inúmeras reacções. Já anteriormente aqui manifestei a minha surpresa/decepção – as opiniões, a terem existido, não foram tornadas públicas. Um debate entre responsáveis de várias universidades – que chegou até a estar agendado – não chegou a realizar-se.
Nos últimos dias, soube-se apenas da opinião dos curso e departamento da Universidade do Minho sobre o assunto, opinião essa que chegou hoje ao conhecimento de um público mais vasto, através das páginas do Jornal de Notícias (não garanto permanência do link. Uma versão completa do texto está aqui).
Ainda assim parece-me pouco.

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No meu último post escrevi que Pedro Fonseca tinha, deliberadamente, acabado com uma conversa que poderia ter sido muito pertinente sobre o acompanhamento da actividade jornalística por parte dos cidadãos.
Uma vez que o assunto avançou – e, espero eu, tem agora um caminho mais proveitoso a percorrer – creio ser importante deixar aqui três notas:
1 – Num tom mais sereno e mais fundamentado (que não sem a sua ocasional e desnecessária ‘farpa’) foi possível perceber o argumento central do autor do “ContraFactos”;
2 – Esta discussão ocorre, por ora, num ambiente corporativo – jornalistas falam sobre jornalistas (dois deles afastaram-se do excercício diário);
3 – A uma distância já razoável dos primeiros posts, creio que será de bom tom admitir aqui algum excesso na articulação do meu primeiro texto sobre o assunto. Mesmo que continue a pensar que é inaceitável confundir uma proposta de discussão com o início de um concurso de berros, acho que não adiantará muito repisar o que ficou para trás, até porque no seu mais recente post Pedro Fonseca me acusa de coisas que não fiz a propósito de coisas que eu terei dito que o Pedro fez, disse ou pensou. Ou seja, não sairiamos disto nunca. Quem quiser perder algum tempo, pode ler os nossos posts sobre o assunto e formar uma opinião – assim é bem mais honesto.
O que realmente importa:
Parece-me que o Pedro Fonseca está genuinamente preocupado com uma tendência que pensa ser generalizada para a vigilância avulsa, não substanciada e, sobretudo, não escrutinada.
Parece-me, também, que neste contexto não aceita que, numa observação “um-a-um”, qualquer cidadão decida avaliar o desempenho profissional de um jornalista.
No primeiro ponto, partilho a preocupação. Penso, no entanto, que se trata de um tema muito mais abrangente, que envolverá uma discussão sobre o viver social que queremos e que aceitamos.
No segundo ponto, continuo a discordar. Discordo da ideia de que a actividade profissional deve ser entendida como um exercício privado e, portanto, não sujeito a observação (seja de grupo, seja individual).
Continuo a pensar que não devemos confundir a privacidade que deve ter um jornalista na sua vida não profissional com a privacidade que não pode exigir ter num exercício tão exposto (e por isso socialmente tão influente; e por isso tão desgastante; e por isso, talvez, tão interessante).
A ausência de exposição significativa, no passado, resulta, fundamentalmente, de um enquadramento tecnológico não favorável à participação e de níveis de literacia da população mais baixos.
Mas não podemos continuar a pensar e / ou a defender que o exercício da profissão continue a ser desenvolvido neste cenário (o mesmo, naturalmente, se poderá dizer dos advogados, dos juízes, dos médicos, dos políticos).

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Contrafactos…argumentos «porque sim»

Não fosse o tom da coisa, diria que estava eu curso um debate interessante entre Manuel Pinto e Pedro Fonseca sobre a legitimidade de um cidadão acompanhar, de forma crítica, a actividade profissional de um determinado jornalista.
Manuel Pinto começou por lançar uma pergunta oportuna – será que vamos ter, também por cá, bloggers a acompanhar o trabalho de jornalistas que cobrem a campanha eleitoral?
Pedro Fonseca percebeu (ou quis perceber) que se tratava do ‘regresso dos vigilantes salazarentos’.
Manuel Pinto retorquiu explicando melhor a sua intenção.
Pedro Fonseca descobriu-se ainda mais no seu corporativismo sem senso e lá se organizou (mal) numa defesa de um jornalismo que, na suas palavras, está cada vez pior.
Tudo isto poderia ter desembocado numa conversa forte, mas civilizada, de sinal contrário, mas respeitosa.
Acontece que o tom da prosa de Pedro Fonseca – no mínimo, deselegante – inviabilizou qualquer hipótese de discussão séria.
E assim se matou uma conversa que não se quis ter.
Parabéns Pedro Fonseca, por ter usado uma das mais frequentes estratégias das impreparadas elites que tanto o preocupam – a acusação soez, o arrazoado sem nexo.
Notas finais:
Tenho o Manuel Pinto por amigo.
O comentário que deixei ao primeiro post de Pedro Fonseca, nesta ‘polémica que podia ser’, está a seguir.
(mais…)

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O Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho, ao qual pertenço, acaba de tornar pública uma posição sobre o parecer relativo à implementação do Processo de Bolonha a nível nacional, na área da Comunicação, coordenado pelo Prof. José Viegas Soares.
Tanto quanto sei, a três dias do fim do prazo de discussão pública aberto pelo ministério, esta é a primeira manifestação do género na área.

O DCC da UM considera que:

1. O documento em análise apresenta-se como uma proposta insuficientemente sustentada e argumentada, e escandalosamente distante da comunidade académica da especialidade. É um documento de trabalho certamente com a sua utilidade, mas que não pode ser considerado como proposta representativa da área científica a que diz respeito.

2. Com os dados actualmente disponíveis, é censurável o facto de o coordenador para a área de conhecimento de Ciências da Comunicação, ter trabalhado em situação de quase clandestinidade; não ter, tanto quanto se sabe, auscultado de forma aberta e visível a comunidade científica e profissional; e não ter tomado antes, durante ou depois da elaboração do parecer, qualquer iniciativa de debate sobre matéria tão relevante e tão sensível.

3. Sabendo, embora, que se encontra prestes a findar o prazo de consulta pública, mas tendo, por outro lado, em consideração os problemas de natureza processual apontados a este documento e as insuficiências quanto à matéria substantiva, somos de opinião que deve ser lançado um verdadeiro debate, que até agora não foi desencadeado, entre todas as partes directamente interessadas na implementação do processo de Bolonha na área de Ciências da comunicação.

O texto está já também disponível na página de contributos para a discussão do ministério.

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weblogs, jornalismo e credibilidade – leituras e efeitos

Faz hoje uma semana que terminou a conferência “Blogging, Journalism and Credibility” (gravações de todas as sessões já disponíveis), na Universidade de Harvard, mas as reacções continuam.
Jay Rosen retoma algumas das suas ideias de partida e, num longo post, oferece-nos uma reflexão com base num desafio que lançou a alguns dos presentes: “diga-me uma coisa sobre a qual mudou de opinião?“.
Curioso é perceber o que pensa ‘o outro lado’ desta barricada (que – pessoalmente – acho vincada para além da conta) e o texto de Frank Bajak, da Associated Press, é interessante por isso mesmo (sugestão recolhida aqui).

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Como dizem os outros (os melhores de sempre!): and now…something completely different…

Depois da hiper-projecção contida numa busca de VIBlogs, momento para uma referência a uma avaliação mais comedida (e, nalguns pontos, muito lúcida) da evolução da blogosfera.
Escreve Jean-Pierre Cloutier no seu blog sobre o exagero de projecção dos weblogs:
Ce qui est regrettable dans ce type d’inflation, c’est qu’on présente les blogues comme une panacée à tous les maux dont peut souffrir la communication alors qu’il n’en est rien. Et on risque, à force de surenchère, de créer des attentes auxquelles il sera impensable de répondre.
Tentons donc de replacer le débat sur l’avenir des blogues dans une perspective plus réaliste, et de comprendre que les blogues ne seront qu’un instrument parmi tant d’autres dans un nouvel ordre communicationnel
“.
Parece-me válida a ideia de fundo, embora continue a surpreender-me todos os dias com os weblogs.
A referência encontrei-a num outro muito articulado blogo-céptico.

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O divertido post no Chiboum é já do dia 19 deste mês, mas creio que seria bem possível por o mesmo problema à blogosfera nacional: será que já temos, entre a comunidade, uns que são mais iguais do que os outros, ou seja, “Very Important Bloggers”?
Na versão original são apontados seis critérios de aferição mas creio que, adaptados, cinco deles servem bem o nosso propósito:

1 – Ter nome sonante, como este, este, este ou este, por exemplo.

2 – Ter sido indicado como blog da semana, por exemplo aqui.

3 – Ter sido escolhido para ilustrar ou fazer declarações num artigo jornalístico sobre os blogs

4 – Ter sido citado ou ‘linkado’ por este, estes, estes, este, este ou este.

5 – Ter sido parodiado por outros pelo menos uma vez.

As escolhas são, naturalmente, muito pessoais e sujeitas a todas as criticas. Mas isto não passa de um post num blog, por toutatis!

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davos / porto alegre nos blogs

Já ontem mencionei aqui o aparecimento, pela primeira vez, de um blog oficial do Fórum Económico Mundial, que decorre em Davos.
Percebi agora que nesse blog escrevem Loic Le Meur e Rebecca MacKinnon (que, há dias, esteve envolvida na organização da conferência sobre blogs e credibilidade, em Harvard).
O jornal Le Monde tem um jornalista que também escreve num blog, a partir de Davos, e tem uma jornalista, que também escreve num blog, a partir de Porto Alegre, onde acontece, também por estes dias, o Fórum Social Mundial.
Uma listagem dos bloggers que acompanham Davos está aqui.
Para uma cobertura alternativa do evento no Brasil, o Intermezzo é uma boa porta de entrada, sobretudo a partir dos posts de Sérgio Correa Vaz.

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firefox_20M

O web browser que Blake Ross e Ben Goodger (que agora vai trabalhar para o Google) conceberam e divulgaram recorrendo a uma estratégia muito pouco ortodoxa – freeware, quase sem publicidade institucional, processo de criação explicado e comentado em blogs, apropriação do sentimento anti-Microsoft – ultrapassou ontem os 20 milhões de downloads.
O Firefox 1.0 não consegue ainda chegar a fazer mossa significativa no dominante IE mas a muito elogiada qualidade do produto (e eu confirmo!) e a sua crescente visibilidade só podem significar uma coisa para o exército de Gates – preocupação.

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davos tem blog

Começa amanhã, em Davos, a reunião anual do Fórum Económico Mundial que terá, este ano, pela primeira vez, um blog.
Os meios de comunicação e a blogosfera, em particular, vão merecer atenção dos (mais de dois mil) ‘grandes’ do planeta.
Sessões do vasto programa que gostava de acompanhar:

Betting on the Technology Most Likely to Succeed

Great Economies Need Great Universities

The Impact of Broadband

Welcome to the Blogopolis

Will Democracy Survive the Media?

Encontrei a sugestão aqui.

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Mac faz hoje 21 anos


Mac

Originally uploaded by a t r i u m.

O primeiro Mac foi apresentado por um muito mais jovem (sem cabelos brancos) e inexperiente Steve Jobs há precisamente 21 anos atrás.
Eu, que na minha ‘vida informática’ pós-Spectrum dei os primeiros passos num Classic, não consigo deixar de olhar para um video como este (mais opções aqui) com alguma ternura.
Foi há tão pouco tempo…

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A conferência sobre “Blogging, Journalism and Credibility“, que termina amanhã na Universidade de Harvard teve uma primeira sessão muito enérgica e cheia de ideias provocatórias (uma primeira listagem está aqui e há fotos do local aqui).
De uma audição repartida com outras actividades fiquei com algumas impressões:

– embora usem argumentos ‘mundiais’ e seja muito fácil caracterizarem-se mutuamento como o ‘primeiro especialista mundial’ nisto ou naquilo, quase todos os participantes avançam com uma perspectiva muito centrada na realidade norte-americana. As generalizações tornam-se, naturalmente, frágeis;

– as conversas evoluíram num ambiente inter-pares e muito do que se disse reportava a um ‘nós’ móvel, com meios e competências para se expressar em diferentes ambientes, sem grandes problemas financeiros. Como nos mostrou o estudo hoje apresentado, a realidade portuguesa é de que quase 2/3 do nós a que pertenço não tem mais do que a escolaridade mínima e cerca de metade não tem empregos qualificados;

Rebecca MacKinnon introduziu uma das ideias que me parece indissociável de qualquer discussão sobre o futuro do jornalismo num ambiente de maior participação e de esboroamento de conceitos uniformizantes como ‘audiência’ – se o jornalismo passar a reflectir muito mais do que interessa aos seus leitores/ouvintes/telespectadores, que espaço vai sobrar para as questões que não lhes parecem interessar no imediato…ou seja, por exemplo, que espaço vai sobrar para as questões internacionais.

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weblogs, jornalismo e credibilidade

Começa já hoje, na Universidade de Harvard, a conferência “Blogging, Journalism and Credibility“.
Um webcast audio (Real Player) vai estar disponível aqui e promete-se, para depois do evento, uma indicação de um link permanente para os arquivos.
Estou particularmente interessado em perceber como se vão discutir as ideias de Jay Rosen, Dan Gillmor e, sobretudo, tenho grande curiosidade em ouvir David Weinberger falar de “verdade, factos, blogs e jornalismo”.

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