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Archive for Outubro, 2006

Journalismo outsourced

Em tempos de agitação vale a pena questionar tudo. Porque isso nos ajuda a reavaliar o que temos e porque nos pode abrir a porta a opções anteriormente não consideradas.
Para que o processo funcione, porém, importa que nos afastemos de enquadramentos que nos turvam o olhar.
E vem esta conversa a propósito de quê?
Do mais recente post de Jeff Jarvis sobre a possibilidade de parte da actividade jornalística de uma empresa ser ‘outsourced‘ (ou ‘feita para fora’).
Diz o influente Jarvis que a solução – recentemente adoptada pelo Daily Express – lhe parece bastante sensata; afinal de contas, já não é assim que procedem alguns periódicos há algum tempo com segmentos como as informações financeiras ou com os roteiros de espectáculos, por exemplo?
Há, de facto um toque de substância no argumento – há empresas que preferem sub-contratar alguma da sua produção a entidades externas. A grande diferença, penso eu, é que até aqui estariamos a falar, na maioria dos casos, de objectos autónomos (revistas, cadernos especiais, dossiers, etc.).
Do que parece agora tratar-se é da sub-contratação de uma secção do jornal.
Será que a experiência é mesmo positiva se olharmos para além dos eventuais ganhos financeiros?
E se, por hipótese, chegarmos a uma situação em que um dado jornal sub-contrata a área da Cultura a A, a do Desporto a B…e por aí­ adiante…vamos continuar a falar de um jornal…ou de algo mais próximo das selecções do Reader’s Digest?

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O problema do Marajá

A propósito de uma polémica que foi levantada por um blog anónimo mas que com grande rapidez obteve acolhimento na imprensa nacional – a do alegado plágio de Miguel Sousa Tavares na sua obra ‘Equador’ – o autor achou por bem usar o seu espaço de crónica semanal no Expresso para (como agora se costuma dizer) “tirar desforço”.
Ponderei bem o que a seguir escrevo sobretudo porque me identifico com o MST em dois pontos fundamentais:

1. As acusações anónimas são actos condenáveis;

2. O recurso do jornalismo a informações veiculadas por anónimos é muito mais frequente do que devia ser e é, por isso, no mais das vezes, mau trabalho, com influência directa no degradar da imagem social da profissão e da actividade.

Dito isto, importa dizer também o seguinte:

a) MST faz parte de um restritíssimo grupo de pessoas que, em Portugal, tem o acesso que quer ao espaço público. Estando, como parece estar, indignado com o que aconteceu tem – como muito poucos outros, reforço – à sua disposição mecanismos suficientes (e que, por via da sua ligação ao Jornalismo e ao Direito bem conhece) para apresentar a sua leitura da situação e os factos que, de forma definitiva, possam deitar por terra as especulações;

b) MST escolheu, porém, uma via alternativa e pareceu preferir um estilo mais enérgico que, à falta de melhor imagem, podia classificar como sendo o de um ‘esbracejar vociferante’ (um pouco à imagem do que fazem aqueles senhores muito típicos que nos alertam em Speakers Corner para os inúmeros apocalipses que temos pela frente);

c) MST usa o espaço de crónica, no semanário de maior expansão nacional, para nos falar dos problemas pessoais que tem; usa um privilégio, para abusar dele (faz, no fundo, aquilo que tantas vezes critica noutros);

d) MST aproveita a ocasião para falar dos blogs como sendo uma só realidade:

(…) uma preocupante manifestação de um processo de dessocialização e de sedentarização das solidões para que o mundo de hoje parece caminhar. Saber que nesses ‘sítios’ imateriais é possível fazer praticamente tudo, desde arranjar parceiros amorosos até recrutar terroristas para a Al-Qaeda, não é, a meu ver, um progresso ou facilidade, mas uma espécie de impotência, de desistência de viver a vida como ela é“.

Dum só sopro revela-nos não saber do que fala mas, mais do que isso, não querer sequer saber.
O mais grave, no entanto, é que não sabendo e não querendo saber, ainda assim, tem opinião:

“O que já sabia dos blogues confirmei: em grande parte, este é o paraíso do discurso impune, da cobardia mais desenvergonhada, da desforra dos medíocres e dessa tão velha e tão trágica doença portuguesa que é a inveja“.

Compreendo o problema do MST e, como disse acima, concordo em absoluto com as razões da sua indignação.
Não posso, porém, concordar com os métodos a que recorre e não aceito as generalizações basistas que faz.
MST comportou-se da única forma que não devia.
E a razão que tem empalidece…como se da imagem de um marajá d’antanho se tratasse…

Uma outra leitura do assunto.

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Theatro…a(p)bre!

Reabre hoje ao público, ao fim de seis anos de obras, o Theatro Circo de Braga.
E a cidade – que viveu à mí­ngua durante todo este tempo – não ganha apenas a sua sala nobre; ganha, sobretudo, aquele que será, talvez, o mais dinâmico programador nacional.
O trabalho de Paulo Brandão pôs Famalicão no mapa cultural do paí­s (e da Europa) e creio que o mesmo poderá acontecer com a cidade de Braga.
A programação para os próximos três meses é um sinal eloquente e o facto de muitos dos espectáculos agendados terem já lotação esgotada ajuda a provar a necessidade de um espaço como estes numa das áreas urbanas de maior crescimento na última década.

Naturalmente, este post não tem absolutamente nada a ver com a temática do blog.
Espero que se me permita e compreenda a indulgência…

Site oficial / Blog / Outros: 1, 2, 3

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Renascença tem novo site

Cerca de um mès depois da data originalmente avançada, a Rádio Renascença apareceu, ao início da noite de hoje, com um site renovado.
O espaço e as suas novas funcionalidades – já reparei nos podcasts e, sobretudo, nos videos – enquadra-se no esforço de reposicionamento estratégico da estação com mais ouvintes em Portugal.
Para já, numa primeiríssima impressão, gosto dos ‘botões’ de acesso grandes e gosto da arrumação pouco cheia das páginas. Penso, no entanto, que os videos deveriam aparecer ‘sinalizados’ e acho urgente a arrumação dos podcasts da forma mais lógica e simples: programas / horários.

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As conversas apocalípticas sobre o fim dos media tradicionais (e subsequente substituição por uma não muito bem definida mistura de contribuições individuais e de grupo) incorporam inúmeras fragilidades; uma delas é a de se presumir que as pessoas são ‘pescadores’ arrojados de informação e que iniciam novos processos de busca a cada dia que nasce. Hoje leio isto, mas amanhã estou disposto a ler aquilo…valendo ambas as experiências o mesmo na minha escala de valoração pessoal.
Não é verdade, claro.
O conhecido é-nos cómodo e traz-nos tranquilidade; o fiável assegura-nos um investimento diário menor na tarefa (excluem-se as iniciativas de verificação) de nos mantermos informados. E isso é importante para quem gosta do conforto de confiar.
Não diria, naturalmente, que as nossas ‘comodidades’ são permanentes; aliás, diria até que as mudamos com regularidade sem grandes dificuldades. Mas isso não nos deve afastar da ideia de que os processos através dos quais nos relacionamos com quem nos fornece informação são, na essência, os mesmos.
O que é um leitor de feeds RSS senão uma organização das minhas ‘comodidades’ pessoais?
Vem isto a propósito de um post de Scott Karp que acabei de ler.
Falando-nos da força das marcas no mundo dos media diz:

The more I think about, the more it seems that brands are the only thing that still matters in media. What’s changed is not the importance or the role of media brands, but rather what defines a media brand and what – or who – can become a brand.
It’s undeniable that traditional media brands no longer have a monopoly over our attention — but (…) the fundamental dynamics of media brands hasn’t changed. We self-identify through our media brand choices, which now include all of the technology brands we use
“.

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Blog – a palavra que ia ser feia

A não perder este delicioso texto de Nicholas Carr sobre a palavra feia que nos persegue – Blog.
Um hino ao inexplicável.
Uma nota de esperança para todos os ‘bloglines-aditos’ (como lhes chama o José Luis) por esse mundo fora…

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Newspapers a caminho de serem blogpapers?

A revista norte-americana Business 2.0 deu o primeiro passo; o seu editor, Josh Quittner, lançou a proposta de que cada jornalista tenha um blog e de que seja pago em conformidade com o sucesso desse espaço.
A justificação:
It’s really important to me that my guys learn this stuff and live there because that’s where the world is headed. It’s totally consistent with their jobs as print journalists. (…) I’m not so worried about Business 2.0 as a print product ever going away. That said, my people need to participate at a deeper level than just producing once a month. I used to joke that monthly magazines are the gentleman farming of the journalism world. There’s no reason why monthly magazine reporters can’t live in the daily world.

Jeff Jarvis entrou na conversa – a ideia agradou-lhe:
Is there danger in this? Of course. One can be corrupted by the siren call of popularity and, worse, money. But if one corrupts one’s product and credibility along the way, then you can bet that the audience will see through the manipulation, become disenchanted, and leave. That is true of newspapers, magazines, TV shows, and blogs. And in the case of the Business 2.0 bloggers, they can also lose their jobs.
Haydn Shaughnessy avançou com a proposta de uma nova terminologia: blogpapers, em vez de newspapers.

Que tal?
É impossível ficar indiferente a este excesso de ingenuidade, não é?
E se não estivermos perante ingenuidade alguma?

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Durante o primeiro dia do 3ENW Manuel Pinto disse-nos – e vale a pena ler este detalhado post do Rogério Santos (que, por sinal, terá a seu cargo a organização do 4º encontro, em 2007) – que precisamos de lançar sempre um olhar prudente sobre as valias do avanço tecnológico.
Voltei agora a lembrar-me dessas palavras ao ler um post de David Wilcox intitulado “Participation as culture…not tools”.Escreve Wilcox:

Successful participation is more about developing a culture, than using a set of tools. That applies to democracy, workplace collaboration, citizen engagement in public programmes, user-involvement in product and service design, and anything where doing things together is important;
The main barriers to effective participation lie both in personal attitudes and institutions, and mainly revolve around desires for power and control. The institutional barriers are embedded in hierarchical systems, the personal ones in beliefs that we only succeed by competing. Changing these and getting things done is doubly challenging.

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A propósito do encerramento definitivo da Tower Records – uma das lojas que, nos idos dos 80’s, foi para mim espaço de deslumbramento 🙂 – Chris Anderson sugere-nos a visita a um curto video (Google Video) da autoria de Peter Hirshberg, da Technorati.

Será tendencioso certamente.
Mas não deixa de ser interessante.


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SAPO tem 73 022 blogs

Por razões ligadas com trabalhos de investigação que desenvolvo já tentei, por duas vezes, obter das pessoas que gerem o serviço de blogs do SAPO informações detalhadas sobre as páginas ali alojadas.
Ṇo obtive sequer uma resposta negativa Рnada.
Fiquei, por isso, muito satisfeito quando – na sequência da participação no 3º Encontro Nacional de Weblogs – Maria João Nogueira anunciou ontem, num comentário a um post do Ricardo, que o número de blogs alojados pelo SAPO seria, às 00h00 de hoje, de 73022.
Éum avanço significativo.
Espero que seja um sinal de que os responsáveis pelo SAPO prestam atenção.
E, talvez, de que não voltam a deixar sem resposta quem os procura para aceder a informação sobre a ‘blogosfera’ que gerem.

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Apenas bizarro…ou sintomático?

Percebi (só hoje!), através do Ponto Media, que a Universidade do Porto abriu, com carácter experimental, um canal de TV na net – o UPMedia.
A ideia – a de produzir e distribuir conteúdos audiovisuais e multimédia centrados na actividade da maior academia do país – parece-me positiva. Enquadrar-se-á numa estratégia de aportar maior visibilidade ao trabalho e às iniciativas internas da academia tentando, creio eu, proporcionar um encurtamento da distância entre a instituição e o entorno social em que se insere.

Mas – tal como agora existe e é apresentado – o projecto em causa merece-me algumas notas de reserva:

1. O texto não faz qualquer distinção entre os conteúdos a apresentar – “documentários, vídeos institucionais e informativos, gravação de eventos, produção de DVDs, CD-ROMs e sítios Web” – fazendo, isso sim, questão de enfatizar a associação aos “recursos de ensino e investigação (do curso) de Jornalismo e Ciências da Comunicação“;

2. O texto diz-nos que o propósito será o de “constituir um núcleo de competências de comunicação com a capacidade de investigar os novos media, oferecer aos alunos, docentes e investigadores oportunidades de experimentação em condições próximas das reais, versando temáticas no âmbito das áreas de comunicação, TICs, públicos e audiências, marketing, entre outras” e com isso – penso eu – afasta da sua esfera de actividade algo que me parece indispensável – o jornalismo.
A menos que o pense apenas como mais uma “competência de comunicação”, o que é grave.

3. Entre os nomes associados ao projecto não está o de nenhum(a) docente ou investigador(a) da área do Jornalismo naquela universidade.

Poderá dizer-se que os docentes e alunos de Jornalismo da Universidade do Porto já contam com espaços próprios para dar visibilidade ao seu trabalho – o JornalismoPortoNet e o JornalismoPortoRadio – mas essa visibilidade (e conseguida credibilidade) só poderia trazer benefícios a um projecto que se quer sério e reconhecido no exterior.
Será isto só bizarro?

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Devemos tranquilizar-nos ou não?
Os blogs não acabam em 2006 – disse-nos José Luis Orihuela durante o 3º Encontro Nacional de Weblogs – mas será que a afirmação só carrega carácter benigno?
Há -disse-nos José Luis – algumas certezas confortantes: a publicação pessoal veio para ficar (o génio fugiu da lâmpada), a blogosfera cresce a um ritmo acelerado e o blog tem um propriedade que lhe dá um carácter muito flexí­vel – é um meio lí­quido.
Mas há também riscos: a crescente comercialização (que não será o mesmo que profissionalização), o aumento do Spam, a oscilante credibilidade o potencial para a canibalização por parte dos media estabelecidos.

Informações detalhadas sobre a apresentação de José Luis Orihuela disponí­veis no seu eCuaderno.

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Com a presença de algumas dezenas de bloggers está já a decorrer, no antigo auditório da Reitoria da Universidade do Porto, o 3º Encontro Nacional de Weblogs.

Cheguei tarde e perdi-me nas conversa com pessoas que já não via há algum tempo…mas, tendo uma vez mais apreciado as vantagens do e-U, presto já atenção às comunicações do 2º painel.

Mais se dirá quando mais se perceber do que se ouvir…

Informações actualizadas aqui.

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Ala p’ró Porto

O 3º Encontro Nacional de Weblogs começa já depois de amanhã, na cidade do Porto.
Se analisarmos o programa das três edições em paralelo (e também as discussões que tivemos…e que tencionamos ter) facilmente se conclui que, também em Portugal, de 2003 para cá, a presença dos blogs, a sua relevância relativa e a sua apropriação por áreas diversas da nossa vida social sofreu uma mudança relevante, às vezes sinal de maior maturidade, às vezes apenas reflexo do alargamento da sua popularidade.
O programa é variado e as expectativas são grandes.
Ala, todos ao Porto!
…não esquecendo que na sexta à noite há também o já tradicional beers&blogs na ribeira de Gaia.

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