O Diário de Notícias tornou-se hoje no mais recente órgão de comunicação do grupo Controlinveste a renovar a sua presença na web (depois de TSF e JN já o terem feito no ano passado).
Para assinalar a ocasião o DN-papel saiu até para as ruas com modificações no seu design gráfico.
Notas de observação:
1. O novo site está a anos-luz do anterior. Isto, em si, não é dizer muito, uma vez que o site anterior do DN vivia ainda mergulhado nos anos 90 mas, ainda assim, a melhoria é de assinalar.
2. O design é sóbrio, a escolha de menus horizontais – a mais comum nos dias que correm – não oferece reparos e a opção pela codificação dos temas com cores – também uma prática generalizada – parece-me a mais adequada.
3. Gosto da repetição dos menus no fim da página (uma necessidade em páginas com mais do que ‘2 ecrãs’) e gosto da uniformidade da linguagem gráfica se alargar às áreas temáticas e também às áreas não jornalísticas do site.
4. Gosto da aposta num carácter visual autónomo para cada uma das áreas e gosto ainda que isso se alargue à forma como os conteúdos específicos se organizam na página de entrada (por exemplo, no Desporto, as classificações aparecem em lugar de destaque mas no Globo isso já dá lugar a uma organização de temas secundários através de uma zona chamada ‘Mapa’ e na Economia a um espaço de maior destaque para a opinião).
5. Não percebo a lógica de selecção dos assuntos que integram os dois menus. Não há uma clara distinção de níveis, como sucede noutros meios que optam pelo menu duplo. Poderiamos ter, por exemplo, um menu para as funcionalidades e para os espaços ‘extra’ e um outro para os espaços mais próximos da segmentação tradicional dos temas no jornalismo. O que temos é uma amálgama impossível de perceber (pelo menos de forma intuitiva, imediata…a única aceitável em espaços de informação). Temos o Desporto separado do resto do conteúdo informativo e temos temas aparentemente da mesma área nos dois menus (Bolsa e Economia, Gente e Pessoas). Será, de todos, o problema mais grave, porque emerge da própria concepção do site.
6. Não gosto da lentidão no acesso (poderá ter sido causada pela curiosidade da primeia manhã) e não gosto do facto de que, no meu browser (Firefox), as janelas de video e as fotogalerias não aparecem correctamente enquadradas. Não gosto ainda que ao aceder às Galerias a primeira arranque automaticamente (muito pouco ‘user in control‘…esta coisada).
7. Não gostei nada de ter esperado até depois das 11h00 para ver na Home uma informação que não fosse da noite anterior (se excluirmos o tab das ‘últimas’ que será, certamente, alimentado de forma automática por feed de agência). Ou seja, durante quase toda a manhã o site do DN teve uma primeira estática, em claro contraste com os sites de Público e JN, por exemplo (aliás, só por volta das 13h00 é que começamos realmente a perceber alguma vitalidade). Disseram-no que os tempos da primeira estática do DN já lá vão. O que se viu hoje…é que ainda não foram.
8. (imagino que a origem seja a mesma que possibilitou o que foi dito em 5.) Durante toda a manhã foi possível ver na página de abertura uma notícia sobre a morte da actriz britânica Natascha Richardson e na página Pessoas, em lugar de destaque, uma notícia sobre a sua hospitalização. Podemos sempre dizer que se trata de um erro aceitável tendo em conta a mudança em curso mas podemos, de igual forma, dizer que a prática do ‘trabalho para o boneco’ durante algum tempo serve precisamente para evitar que isto aconteça à vista dos leitores (e escrevo isto não sabendo se, no caso do DN, houve esse tempo de trabalho ‘em off’).
9. Nos tempos que correm relegar um espaço de ‘Jornalismo do Cidadão’ para o canto inferior direito da Home é, no mínimo, discutível. Se preferirmos, outro ponto de acesso existe através de um sub-menu da área Opinião (em si, já um sub-menu da Home); ou seja, é quase preciso tirar um curso primeiro…
Se o DN quer apostar nesta vertente – e acharia muito bem que o fizesse – não pode relegá-la para posição de acesso tão miserável. Se não quer – e isso também é defensável – talvez fosse melhor assumir. O tempo para ‘o cantinho do’ já acabou.
Notas finais:
a. É estranho que a notícia do DN sobre a remodelação do site do DN seja da Lusa.
b. A primeira cacha do site (divulgada, como se disse, depois das 11h00) é uma daquelas notícias “soube o DN” (infelicidade ou sinal de que a adaptação ao jornalismo mais próximo dos cidadãos é ainda um objectivo distante?)
(Uma outra leitura, aqui).
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