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Archive for 4 de Outubro, 2005

A Universidade do Minho tem o melhor curso de Comunicação do país.
Terminado que está o processo de avaliação externa de 14 licenciaturas na área (e findo também o período de apreciação de argumentação contraditória) a Fundação das Universidades Portuguesas tornou públicas as suas conclusões.
Não sendo um defensor acérrimo dos rankings (em abstracto) e não sendo ainda defensor de um jornalismo que apenas os publique, aceito muitos dos argumentos apresentados, a propósito de uma realidade que não a do ensino superior, pelo António Granado.
Assim sendo, na presunção de que o assunto merece tratamento jornalístico e divulgação pública, creio que o texto hoje apresentado na página 34 do Público é – a todos os títulos – desprestigiante.
Comecemos pelo título: “Cursos de Comunicação do Minho e Beira Interior bem classificados“.
Será fácil encontrar exemplos semelhantes para retratar outros acontecimentos que já tiveram o seu fim?
Será que alguém se lembraria de titular, no fim do campeonato do mundo de futebol, “França e Brasil bem classificados”?
Em lead: “Coimbra, Técnica de Lisboa e Lusófona contestaram apreciação. Nova não quis ser avaliada“.
E a pergunta surge de imediato: mas que apreciação é que estas instituições contestaram? Aquela que o jornal Público escolheu omitir do título? Só pode ser.
Corpo do texto/primeira frase: “As universidade do Minho, Beira Interior, Lusófona e Fernando Pessoa são as que, em termos globais, têm as licenciaturas na área das Ciências da Comunicação mais bem classificadas“.
Não deixando de ser verdade, a frase dilui o fundamental – a seriação, objecto (ainda que discutível e não exclusivo) de todo o processo – e deixa ainda de fora a Universidade de Aveiro, que ficou em terceiro lugar.
O texto tem imprecisões, inúmeras insinuações e importantes omissões.
Ao isolar o ‘insuficiente’ do Instituto Superior da Maia, por exemplo, sugere que terá sido o pior classificado, quando não foi isso que aconteceu.
Ao escolher fazer uma alusão à presença na comissão de avaliação de dois catedráticos da Universidade do Minho e uma não alusão à igual presença de dois professores de topo da Escola Superior de Comunicação Social de Lisboa – isto na mesma frase em que nos menciona o facto de o presidente da comissão ser o responsável pelo curso da Beira Interior – aponta no sentido de algo que não faz qualquer esforço para provar.
Ao esquecer-se de que havia um catedrático da Universidade Nova na comissão (Professor Catedrático Jubilado e presidente da anterior comissão de avaliação das licenciaturas em Comunicação), de que outro catedrático do departamento foi convidado a integrar o painel e, sobretudo, de que a auto-exclusão do curso mais antigo do país não foi internamente pacífica, a jornalista (ainda que involuntariamente) faz por reforçar uma tentativa de desvalorização de todo o processo.
O que o Público hoje apresenta é um texto atabalhoado que falha a notícia e que centra atenções em elementos acessórios – o contraditório, por parte de quem se sentiu injustamente avaliado (e a UM também exerceu o seu direito), e a ausência de uma universidade. Revela desconhecimento, descuido e muito fraca qualidade jornalística. Não passava numa aula de jornalismo da Universidade do Minho…a tal que, na opinião de uma comissão de avaliação externa (integrando 16 elementos, quatro deles estrangeiros) tem o melhor curso do país!

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